Funk brasileiro rompe fronteiras e conquista o mundo, de Beyoncé à Apple

Batida brasileira embala show da diva pop e reforça análise recente da revista britânica The Economist sobre o impacto mundial do funk carioca.

Na estreia da Cowboy Carter Tour, Beyoncé levou os fãs brasileiros à loucura ao enaltecer o funk carioca. Originalmente, a faixa “Spaghetti” já contava com um sample de “Aquecimento das Danadas”, do DJ O Mandrake – o que já era um sinal da aproximação da cantora com a estética do funk. Agora, ao incluir também “Essa Tá Quente” no espetáculo, Beyoncé não apenas homenageia, mas impulsiona o gênero a novos patamares de visibilidade internacional.

O momento no palco é mais do que simbólico: confirma a tendência que analistas culturais e veículos internacionais, como The Economist, haviam antecipado. Em matéria publicada semanas atrás, a revista britânica apontou o potencial do funk em se tornar um fenômeno global, capaz até de alterar a percepção internacional sobre a cultura brasileira.

No artigo, The Economist detalha o surgimento do gênero no fim dos anos 1980, inspirado no Miami bass e no electro-funk – subgêneros do hip-hop americano –, mas rapidamente transformado em uma expressão cultural própria no Brasil. Surgiram também movimentos de dança típicos, como o “passinho” e a “rebolada” – descrita pela revista como “uma variante acelerada do twerking”.

Entrevistada pela publicação, a professora de dança e curadora Taísa Machado reforçou como o funk evoluiu socialmente no Brasil: “Meus alunos eram frequentadores assíduos dos bailes funk. Agora eles são dentistas e terapeutas que moram em bairros ricos. A maioria é branca. Essa normalização irritou legisladores conservadores”, comentou.

O impacto internacional, que antes parecia distante, agora é palpável. Produtores americanos, que até recentemente desconheciam o funk, hoje recebem pedidos de ícones como Timbaland e Snoop Dogg interessados em suas batidas. O gênero também aparece em lançamentos recentes de estrelas como Kanye West.

Fora dos palcos, o funk brasileiro também tem invadido o universo da publicidade e da cultura pop. Em março de 2025, a Apple lançou uma campanha global para os AirPods 4 estrelada por Pedro Pascal, em que o ator dança ao som de “Perfect”, colaboração de Sam i, Tropkillaz, Bia e MC Pikachu, sob a direção de Spike Jonze. A coreografia, assinada por Tanisha Scott – que já trabalhou com Rihanna e Beyoncé –, reforça o funk como trilha sonora contemporânea.

O TikTok, por sua vez, se tornou uma plataforma vital para a difusão do gênero, com danças e desafios inspirados em hits como “Tá OK”, impulsionando artistas e coreógrafos brasileiros para audiências globais.

A ascensão do funk confirma que a música brasileira hoje é protagonista em palcos, telões e redes ao redor do mundo. E, se depender da nova geração de artistas globais, o batidão das comunidades ainda vai ressoar por muito mais tempo além das fronteiras nacionais.

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